Foi divulgada hoje nas plataformas musicais de streaming a música “Now and Then”, dos Beatles. Um clipe dela será divulgado amanhã, dia 03/11.
Vale muito a pena ler o texto que Marcelo Orozco, colunista do Gizmodo, escreveu sobre a canção e sobre as várias ocasiões em que os Beatles inovaram na música usando métodos nada ortodoxos nas gravações e composições.
Sobre “Now and Then”, em resumo, aconteceu o seguinte: em 1994, Yoko Ono, viúva de John Lennon, entregou a Paul McCartney uma fita com três músicas do beatle assassinado por um fã maníaco em 1980. Duas dessas canções foram recuperadas, tiveram instrumentos dos integrantes remanescentes adicionados e foram lançadas no início da década de 1990. O mesmo não pôde ser feito com uma terceira música, intitulada “Now and Then” por uma razão que não vou expôr aqui pois acho que o texto do Marcelo deve ser lido pelo maior número possível de admiradores da banda – e por quem gosta de música e de boas histórias.
Sem tecnologia suficiente para recuperar e adicionar instrumentos em “Now and Then”, Paul, George e Ringo arquivaram a canção. Recentemente, com a ajuda de inteligência artificial, finalmente ela pôde ser “gravada” e lançada pelos dois Beatles vivos, Paul e Ringo.
“Now and Then” tem uma letra comovente que fala sobre o quanto o eu lírico ama alguém, e o quanto esse amor o move. Seu belíssimo arranjo faz lembrar, anacronicamente, alguns trabalhos do Oasis – na verdade, até a voz do John lembra a do Liam Gallagher, vocalista principal do Oasis. Nada surpreendente, uma vez que os Beatles foram uma das maiores influências dos irmãos Gallagher. Mas, apesar das semelhanças, há duas coisas impossíveis de serem confundidas: uma é a voz de John Lennon, cuja suavidade a voz de Liam não tem (por mais que às vezes ele tente); a outra é a guitarra de George Harrison. Há um determinado momento da participação de George que me fez lembrar da estupenda “While my guitar gently weeps”, do “Álbum Branco”.
Quis o destino que “Now and Then” fosse o fecho da carreira dos Beatles. A última canção dos Beatles representa tanto o legado da banda quanto a filosofia de vida de seus integrantes, que, ali pelo fim dos anos 1960 e início dos anos 1970, adotaram o lema “paz e amor”. Menos importante, e por último, é também mais uma prova de que, se usada para o bem, a inteligência artificial pode ser muito útil.
Uma curiosidade: a saga de “Now and Then” me fez lembrar do filme “Inteligência artificial”, que tem origem numa ideia do Stanley Kubrick que não foi levada a termo e que ele deixou, em 1995, para Steven Spielberg dar prosseguimento quando houvesse tecnologia para tanto. Foi por pouco que Kubrick não viu sua ideia nas telas: ele morreu em 1999, o filme foi lançado em 2001.
Outra curiosidade: há uma versão de “Now and Then”, com letra ligeiramente diferente, cantada por um certo Claus Nielsen, gravada em 2017 para um tributo a John Lennon. Tentei encontrar mais detalhes sobre o cantor, o disco e a gravação, mas não consegui. Estranho, não?
Pra finalizar, um merchan: em 2012 foi lançado “O livro branco – 19 contos inspirados em músicas dos Beatles + bonus track“, pela editora Record. O livro traz um conto meu, “Amor incondicional”, inspirado pela música “Don’t let me down”. É uma excelente pedida para quem gosta de música e literatura.